Falar de machismo é mais do que preciso
- Bobbie Salles
- 13 de abr. de 2017
- 3 min de leitura
Todos os dias têm assédio, muito assédio. E agora está na TV, ali, para todo mundo ver

Assédio, coação, abuso, agressão. São palavras bem fortes, não é mesmo? Mas, mais ainda que palavras fortes, são ações que a gente queria muito que estivessem fora de circulação. Não, não estão. Somente nas duas últimas semanas, o país todo tomou conhecimento de dois ataques. Um, assédio sexual feito pelo ator José Mayer, eterno galã. O outro, agressão feita por um participante do Big Brother Brasil a outra concorrente do jogo.
O primeiro assediou sexualmente uma figurinista da emissora, durante as gravações da novela em que atuava, no horário principal. Ele não fez isso uma vez só: fez várias. Tampouco, fez isso em um ambiente fechado, sozinho com ela (não que justificasse algo do tipo, longe disso) mas na presença de mais de 30 pessoas, em sua ação mais grave.
O segundo foi visto por milhares de pessoas. Num reality show. Sem nem ao menos se preocupar com o que estava acontecendo. O moço foi expulso, mas na minha opinião, deveria ser preso por agredir a alguém.
Não dá para ficar calada
No primeiro caso, a denúncia foi feita pela própria vítima por meio de um blog de um grande jornal. Ele negou. Depois pediu desculpas, como se fosse redimir o erro. Diversas atrizes relataram os abusos que sofreram e a campanha #MexeuComUmaMexeuComTodas voltou à tona. Mas o que dizer ao galã que sempre teve liberdade e ainda foi o mártir do desejo de muitas mulheres? Era um ser quase intocável. Não é mais. Não pode ser e nunca pode ser.
O segundo, como escrevi acima, foi publicamente mostrado no programa. Milhares de pessoas no Twitter e Facebook começaram uma ação contra o rapaz. Não tinha dúvidas, não tinha como escapar desta vez. Houve polícia envolvida (sim, assédio é caso de polícia, crime mesmo).
O que o marketing tem a ver com tudo isso?
O próprio marketing ajudou e muito a criar conceitos de que os homens estavam certos em suas ações machistas e superiores. As propagandas de cerveja (fiz esse texto aqui, recentemente, para mostrar algumas mudanças boas que aconteceram recentemente), da indústria automobilística, entre outras, mostravam a mulher como figura frágil, servil e deveriam sempre aparecer na figura da “mais gostosa possível”.
É preciso usar o marketing, a propaganda, a novela e todos os canais de acesso para conter esse tipo de comportamento. Não é normal e não pode se tratado como normal. É importante se unir a outras mulheres e também fazer com que os responsáveis criativos - sejam escritores, sejam publicitários, repensem suas atitudes. O mundo está mudando e daqui a pouco essa história de machismo vai virar mais ainda contra quem produz esse conteúdo. Pelo menos uma esperança!
Criou-se uma imagem em que homem pode tudo. Muita gente, inclusive, veio dar sua opinião em textões do Facebook, dizendo que o José Mayer não estava errado. Afinal, “qual mulher não gostaria de estar com ele e blá, blá, blá…”.
Mayer foi foi criado assim. Isso mesmo! “Coitado… ele está errado?” Completamente! Ninguém tem o direito de invadir o corpo e muito menos assediar moralmente, psicologicamente, sexualmente a outra pessoa.
A mulher tem que querer! E isso, na propaganda, na novela, num reality show, em qualquer lugar! Por isso, é muito importante que essa mudança comece dentro de casa, na TV, na propaganda, no marketing, na educação e em todos os meios. Pense bem nisso. O tempo todo. A próxima assediada, pode ser você.
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