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As cervejas e o machismo de cada dia

  • Bobbie Salles
  • 14 de mar. de 2017
  • 3 min de leitura

Iniciativa de uma grande corporação fabricante de bebidas melhora o cenário das propagandas de cerveja. Mas ainda tem muito para acontecer

cerveja-para-mulher

Eu não sou publicitária. Sou jornalista. Mas isso não me impede nem de ter trabalhado em agências renomadas com produção de conteúdo SEO ou tampouco de não entender como funciona o mercado da publicidade. Além disso, o orgulho da luta diária de ser mulher (sem contar sobre os assédios) há algum tempo me faz enxergar o mundo um pouco mais empoderado e com conquistas que ainda estão por vir.

Pois bem. Estou aqui para falar de cervejas. De um lado, a Skol, da Ambev, que semana passada convidou ilustradoras para refazer campanhas antigas, de uma forma mais empoderada e que não mostrasse só o corpo da mulher como atrativo - como em um grande açougue, aos homens consumidores.

Do outro lado, a Proibida, que recentemente deu o que falar sobre ter criado uma cerveja para mulher. Sim, esse vai ser um texto estilo textão problematizador do Facebook. E gostaria que me acompanhassem, nessa mesa de bar virtual. Bora?

A remissão da Skol

É claro que, como disse um amigo (e o ditado popular) nas redes sociais, as marcas não dão ponto sem nó. A iniciativa da Skol em lançar ao vídeo (veja abaixo) na semana da mulher, com ilustradoras reconhecidas, foi uma baita jogada de marketing. Mas, como disse a ele, a campanha ajuda em vários pontos.

Primeiramente porque, mesmo mostrando no início fotos de campanhas antigas com mulheres esculturais e totalmente dentro do “padrão de beleza”, apresenta uma nova proposta para tirar aquela imagem da mulher gostosona, que geralmente acompanha ao homem ou até mesmo só serve a sua cerveja (alô 1950).

Ela mostra o poder criativo e brilhante de pessoas comuns, sobre a visão que as peças publicitárias deveriam ter, desde o início. Por meio da arte, tira o ar da “gostosona” e reconstrói as mulheres ali expostas de uma forma belíssima.

Logicamente, a remissão aconteceu, após há quase exatos dois anos, a Skol ter dado um baita tiro n’água: em meio a campanhas contra assédio sexual e machismo, a marca lançou peças por toda a cidade que diziam para a mulher deixar o não em casa. Foi achincalhada nas redes sociais (o que eu sempre me pergunto, como não pode ter uma pessoa em sã consciência para não deixar a campanha chegar nisso, mas tudo bem) e teve que resolver rapidinho.

Foi horrível, foi humilhante e expunha a mulher totalmente ao assédio. Espero que eles esqueçam aquela fase e, com esse acerto, nunca mais repitam os machismos por aí.

A Proibida que deveria, realmente, ser proibida de fazer algumas campanhas

Em contrapartida a tudo o que pode ser mais sexista está na campanha da cerveja para mulher da Proibida. Eu sei que o radicalismo de dizer que a cerveja realmente deveria ser proibida, neste subtítulo, não vale nada.

Eles só tinham que mudar sua atitude publicitária e gastar dinheiro para anunciar em horário nobre, aquilo que fazem de melhor: a cerveja. Não uma cerveja para mulher, não uma cerveja para macho.

Seria um pouco melhor se antes de anunciar a tal obra-prima para mulheres, a marca não colocasse o Antônio Fagundes para falar de cerveja forte e encorpada (para os homens, claro). A coisa “deu ruim” para a marca, que amargou todo o lúpulo sozinha, numa sucessão de tentativas de consertar a coisa. Espero que dê certo.

Um adendo muito feliz!

Em tempo: procurando informações e o vídeo da Proibida, me deparei com a a cerveja E.L.A., feita por mulheres, numa junção de sommeliers de cerveja, produtoras e mestres cervejeiras, para desbancar o machismo no mundo das cervejas. Demais, não é?

E.L.A., o nome da cerveja, significa Empoderar, Libertar, Agir. Já começou bem, lá em maio de 2016, estima o vídeo abaixo. Mas fica melhor: toda a renda revertida com a venda da cerveja vai para instituições que ajudam a mulheres que sofreram algum tipo de violência. Eu fiquei arrepiada! Porque é exatamente desse tipo de iniciativa que precisamos. E não de cervejas que proíbam ou mesmo coíbam algum comportamento. Quer tomar uma cerveja comigo? Venha para o meu bar, que tá tudo certo!


 
 
 

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